Daniel Erthal
está feliz da vida. O ator de 25 anos - que em "Eterna Magia" vive o minerador Nicolau - acaba de comprar um apartamento no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro. A nova aquisição - paga em prestações, como ele faz questão de ressaltar - soa como uma recompensa ao esforço que ele fez para se tornar ator.
Nascido em Niterói, no Rio de Janeiro, mas criado no interior do estado em Bom Jardim, Daniel deixou sua cidade aos 17 anos e mudou-se para o Rio. Para se sustentar e poder pagar a passagem que o levava até o curso do teatro Tablado, no bairro da Lagoa, zona sul do Rio, Erthal, que é sobrinho da atriz Beth Erthal, trabalhava em loja para se sustentar. "Meu pai (Francisco) é um bancário aposentado e tem uma gráfica em Bom Jardim. Em troca de uma estabilidade financeira, ele largou uma banda que tinha e eu temia que o mesmo acontecesse comigo. Sempre quis ser ator", conta ele.
Para ficar mais perto do curso de teatro, ele deixou a casa da avó em Niterói e se mudou para um apartamento vazio de um parente da tia Beth que não queria 'inquilinos' no imóvel. Para que a dona não o expulsasse de lá, ele precisou morar escondido. "Esse apartamento era em Vila Isabel, zona norte do Rio. Eu passava o dia no banco e à noite ia para o curso de teatro", lembra Dani, como é chamado pelos amigos.
Para 'despistar', mantinha seus objetos pessoais e o colchonete onde dormia escondidos num armártio. Naquela fase sua vida era às escuras. "Não podia ligar uma luz para não registrar o gasto na conta. Foi barra".
Um amigo do curso de teatro o tirou do 'lar, doce lar' e o instalou em seu apartamento em Copacabana. Nesse tempo, Daniel foi efetivado pelo banco. Mas o emprego não seduziu o futuro ator que pediu demissão. "Aí a coisa complicou. Meu pai cortou a ajuda que me dava e a peça que fazia não me ajudava muito financeiramente. Precisei ter criatividade para sobreviver".
"Dava um de Michael Jackson. Quando a sessão acabava e o público deixava a sala de projeção, entrava de costas no meio da multidão. Mas já cheguei até a dormir na praia uma vez, pois não tinha onde ficar".
Sem carro e sem dinheiro, Daniel Erthal dava seu jeitinho. Para se locomover gratuitamente nos ônibus, vestia uma camisa de estudante da rede pública- que pela lei estadual de número 8.899 de 24 de junho de 1984 permite a alunos da escola pública de ensino do Rio de Janeiro a gratuidade nos transportes coletivos interestaduais – e circulava pela cidade.
Também nunca deixou de freqüentar cinema por falta de dinheiro. "Dava um de Michael Jackson. Quando a sessão acabava e o público deixava a sala de projeção, entrava de costas no meio da multidão. Mas já cheguei até a dormir na praia uma vez, pois não tinha onde ficar", lembra ele.
Até que fez um teste e conseguiu o papel do surfista Pedro de "Da Cor do Pecado". A novela de João Emanuel Carneiro foi o pontapé inicial para sua carreira na Globo. Em seguida vieram o Leo de "Malhação", uma participação como Lucas em "Belíssima", o Capitão Kosmos no "Sítio do Pica-pau Amarelo", e agora "Eterna Magia".
Solteiríssimo depois de um namoro de dois anos com a advogada Renata Nobre, ele agora só quer se dedicar ao trabalho. "Não quero me apaixonar por enquanto. Quero levar minha atenção apenas para a carreira e pode ter a certeza que no ano que vem estarei de volta a Globo".
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